Bethânia e as Palavras

16 Setembro 2019 M6

“Quando eu ouço a voz da fonte/Não sei que canto que encerra /Parece o gozo do mundo/Dentro do ventre da terra”. Ouvir Maria Bethânia é querer experimentar a palavra na sua forma mais poética, o Brasil que tanto diz como silencia, embalado pelo Vento e pelas ondas do Mar, dois dos elementos da natureza inflamados nas suas melodias.

É numa noite de poesia, baptizada BETHÂNIA E AS PALAVRAS, que uma das mais acarinhadas cantoras de música popular brasileira, com mais de 50 anos de carreira, revela a sua ligação embrionária ao texto lírico, em grande medida estimulada pelo professor do colégio de Santo Amaro Nestor Oliveira e pelo irmão de sangue e de palco, Caetano Veloso; tudo através da leitura de poemas e de textos escolhidos pela própria artista, na intimidade da média-luz e numa carta de amor aberta às canções poucos usuais do seu repertório e do cancioneiro popular brasileiro.

Este projecto começou em 2009, quando Maria Bethânia foi convidada pela Universidade Federal de Minas Gerais para participar no ciclo de conferências Sentimentos do Mundo. Mais tarde, fez leituras na Casa do Saber e na Pontifícia Universidade Católica, no Rio de Janeiro, no Itamaraty, em Brasília (para o Encontro Mundial dos Países de Língua Portuguesa), e na Casa Fernando Pessoa, em Portugal, que lhe atribuíu a Ordem do Desassossego, por ser uma das maiores divulgadoras da obra pessoana. “É a minha tradução mais fiel”, afirmou, acrescentando: “Suporta a minha respiração, a minha cadência e o ritmo desassossegado do meu coração”.

Cecília Meireles, Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner, José Craveirinha, Padre António Vieira, Caetano Veloso e Fausto Fawcet são apenas alguns dos nomes da literatura mais citados pela lendária cantora e compositora bahiana, que se fundem com trechos de conceituadas músicas brasileiras e portuguesas, como ABC do Sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira), Último Pau de Arara (J. Guimarães/Venâncio/Corumbá), Estranha Forma De Vida (Amália Rodrigues), Marinheiro Só (domínio público/adaptação Caetano Veloso), Dança da Solidão (Paulinho da Viola) e Menino de Jaçanã (Luis Vieira/Arnaldo Passos). 

Bethânia e as Palavras para descobrir dia 16 de Setembro no Teatro Tivoli BBVA.

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